O Mundo de vidro

Até onde pode ir a paixão de uma pessoa por outra? Como, quando e por que começa? Até que ponto pode-se cometer alguma loucura para fazer parte da vida de alguém? Quais as consequências da paixão avassaladora incompreendida? Nesse seu primeiro e hilariante romance, Maurício Gomyde retrata o cotidiano de um cidadão normal como tantos que se vê por aí em qualquer canto, tentando responder estas aparentemente simples perguntas. Passeando com extrema facilidade tanto pela linguagem refinada e sutil quanto pela tosca, Maurício Gomyde nos brinda com um livro de leitura fácil e extremamente agradável.

Esse livro foi um daqueles que, de alguma maneira, me surpreenderam, pois tinha uma história boa e uma linguagem muito divertida.

Na verdade, a forma como autor escreveu me fez, em alguns momentos, ter a sensação de que a história estava sendo contada por alguém pessoalmente e não que eu estava lendo. Sem contar os trechos em que Mauricio usou muita criatividade para definir pessoas, momentos ou sentimentos...e acreditem, é muito engraçado!

O mundo de vidro conta a história de um homem meio sem graça, com uma vida com total falta de encanto, sedentário, frustado com sua vida e solitário, até que um dia no metrô se depara com uma linda mulher (a mais linda que já havia visto), bem vestida e que exalava confiança. Foi amor a primeira vista.

Por causa dela, ele se matricula em um curso avança de Economia (mesmo não entendendo uma única palavra) e paga os maiores micos tentando chamar a atenção, usando roupas esquisitas e seguindo conselhos de livros de auto ajuda, e claro, só fazem com que ela o ache cada dia mais estranho.

Mesmo com todas as diferenças, ele não desiste de conquistá-la, transformando um relacionamento que havia começado cheio de mentiras em algo muito grande, em que ela é como seu mundo particular.

Esse livro traz algumas peculiaridades que me chamaram muita atenção. Primeiro que os personagens principais não tem nome. Pois é, é bem diferente, mas o mais interessante é que você se envolve tanto na história que até se esquece desse fato. A outra característica é que o livro começa pelo Último Capítulo, mas sem problema, porque isso só atiça a curiosidade.

O autor já se diferencia logo no Prefácio, que ao invés de trazer explicações sobre o livro, sobre o que o motivou a escrevê-lo, traz um texto muito divertido e cheio de sinônimos para "encher linguiça", propositadamente.

Bom, não dá para explicar muito sobre O mundo de vidro. Só lendo para entender...e leia, porque é bom!

" A estação estava lotada, como de costume. Respirou fundo e enfiou-se no

meio da confusão, sabendo que deveria agir como um impiedoso gladiador

romano para conseguir entrar no metrô. O momento era um vale-tudo. Valia

empurrar velhinha, pisar em carrinho de neném, dar cotovelada em gorda, subir na

cabeça de uns ou se arrastar por debaixo de outros."

" Afinal de contas, o que é um chifre? Nada, quase! Um chifrezinho não é o fim

do mundo! É só um galho na cabeça, nada grave. O que mais, senão uma pequena

galhada retorcida enfeitando a cachola? Um chumaço de ramos secos adornando

a parte superior do corpo? ..."

Autor: Mauricio Gomyde

Editora: Porto 71