quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A morte do cozinheiro

É verdade, eu matei o cozinheiro. Em momento algum deste livro negarei que matei o sórdido cozinheiro com minhas próprias mãos de escrever versos. Havia motivo claro em saciar-se com a sua morte, morte de quem por carne e gozo objetou-se ao incomensurável amor que me tornava tão puro. Eu estripei-o com suas facas imundas de trabalho banal, e escalpelei por mimo infantil, de criança brincalhona, ao ver os índios e escalpes na TV. Matei o demônio com noventa facadas, cultivando um novo demônio sanguinário em mim, portanto não negarei ter feito a coisa mais maravilhosa que eu poderia fazer por minha inconsequência gloriosa naquele momento: Eu matei o cozinheiro. A morte do cozinheiro já deve ser considerada uma das obras literárias mais intensas e atuais sobre a dor de cotovelo e o ciúme. De forma singular o autor nos guia sem medo até o amor doente de Luiz Aurélio e as psicoses novas da recente solidão induzida. A derrota do ”eu” exaltado, o abandono, e a morte que pede lugar ao descontentamento puramente egoísta caminham livres. Vemos um jogo de querer e não poder, que desenrola o frágil espírito do ser humano desiludido de amor. Usando a mescla de linguagens necessária em sua abordagem diferenciada, Allan Pitz atormenta os corações abalados neste livro memorável e instigante, fazendo enxergar com outros olhos a parte considerada cruel de uma trágica história romântica.

É sem dúvida um livro poético e singular. Primeiro deixemos claro que não se trata de um livro policial, afinal sabemos desde o início quem matou o cozinheiro.

Durante o livro percebemos e vivenciamos a dor de Luiz Aurélio, um jornalista que tem o sonho de se tornar escritor. Ele se apaixona por Carmem, mas logo a vida a dois mostra não ser o conto de fadas e ela vai embora e meses depois o troca por um cozinheiro.

O interessante no livro é descobrir o que realmente levou Luiz a matar o cozinheiro. Você deve pensar: Mas é claro que foi por causa de Carmem? Bem, sim e não. O que faz com que o assassinato aconteça não é só por amor, mas há outras motivações, que estão ligadas a essa.

A narrativa de Allan é mesmo singular, como o próprio fala. O autor usa um português mais culto, diferente do que se costuma ver atualmente nos livros, e fez uma história bem intrigante. São poucas páginas, o que fez com que a história fosse contada de forma rápida, sem enrolação. Considero um livro bem legal de ler.

Autor: Allan Pitz
Editora: Above Publicações